E o prejuízo dos produtores vai crescer se não chover mais nas próximas semanas

Na pior estiagem das últimas décadas do litoral Sul do estado do Espírito Santo, a safra de cana-de-açúcar dos produtores independentes (excluída a produção própria da Usina Paineiras) já amarga uma queda de produção de 80%, segundo a Coafocana – cooperativa dos fornecedores de cana de Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy (ES). E a perda pode ser maior, caso a chuva permaneça escassa nas próximas semanas, alerta Gilberto Miranda Fernandes, presidente da entidade.

“Os últimos anos já haviam sido de safras reduzidas devido especialmente à escassez de chuva”, ressalta o presidente, que representa mais de 500 pequenos produtores. Segundo a CDL de Marataízes e Itapemirim, a produção de cana é a segunda atividade econômica mais importante da região.

A situação desestimula ainda mais esses agricultores, que já se sentiam discriminados por não virem conseguindo, junto ao governo federal, os subsídios de compensação pela estiagem prolongada garantidos nos últimos anos, por outro lado, aos canavieiros do Nordeste brasileiro e do estado do Rio de Janeiro.

“Temos tido apoio da prefeitura de Itapemirim, que se comprometeu a subsidiar a produção da próxima safra, além de ter decretado a situação que emergência, o que facilita a renegociação de dívidas. Marataízes também decretou situação de emergência. Mas dependemos da chuva”, afirma Gilberto Fernandes.

A escassez também compromete as alternativas de renda dos produtores de cana, como a pecuária de corte e de leite e as plantações de abacaxi e mandioca. Porém, segundo o presidente, mais de 90% dos cooperados planta apenas cana-de-açúcar.

Usina Paineiras

Quase toda a produção dos agricultores da Coafocana é destinada à Usina Paineiras, única indústria de açúcar e etanol do sul do Estado. A empresa tem nos cooperados uma das principais fontes de matéria-prima. Mas a Usina também produz cana, e avalia, até o momento, que a queda na safra própria pode chegar a 30%, a depender do regime de chuvas daqui para frente.

“Em relação à maioria dos agricultores da Coafocana, grande parte da nossa lavoura situa-se em áreas planas e próximas a mananciais hídricos que viabilizam a prática da irrigação”, informa o diretor de Operações da usina, Nemésio Cavalcanti Junior.

“Caso a estiagem se estenda durante março, abril e maio, poderá haver um atraso no início de moagem da cana entre três e quatro semanas”, destaca.

Uma pequena compensação, no entanto, poderá vir do fato da produção de açúcar e etanol não ser diretamente proporcional à matéria-prima disponível para moagem.

“A queda da produtividade agrícola induzida pela estiagem poderá parcialmente ser compensada por um aumento de qualidade da matéria-prima e rendimento industrial, o que, repassado ao produtor, amenizará um pouco o cenário do campo”, afirma.

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