Regime de chuvas anormal prejudicou a qualidade da cana-de-açúcar fornecida
Uma grande mudança no regime de chuvas dos últimos meses derrubou em 30% a safra deste ano da Usina Paineiras, em Itapemirim (ES). Com chuvas de mais ou de menos em momentos anormais para os últimos 50 anos, a mudança climática fez com que a indústria só processasse 493 mil toneladas de cana-de-açúcar, ante a estimativa de 700 mil toneladas divulgada em maio, quando a safra começou. A safra 2019 terminou no último dia 6.
O resultado é considerado um “desastre”, nas palavras do diretor Superintendente e de Negócios da empresa, Antonio Carlos de Freitas. “Significa uma perda de faturamento de R$ 40 milhões, ante a um total previsto de R$ 118 milhões. Mas vamos continuar o nosso trabalho e olhar para o futuro”, afirmou.
A maior variação nas chuvas registrada pela usina ocorreu em janeiro, quando eram esperados 128 ml por hectare, mas não choveu. Em contrapartida, no mês de maio, quando a chuva não seria produtiva, choveram 152 ml por hectare. De fevereiro a abril, as chuvas também foram muito aquém das esperadas, e com isso a cana-de-açúcar não se desenvolveu bem e perdeu muito peso.
“Isso fez diminuir muito a produtividade dos canaviais e o rendimento da usina”, acrescentou o diretor. Assim, foram produzidos 8.499.000 litros de etanol a menos e 272.069 sacos de 50 quilos de açúcar a menos que o estimado no começo da safra.
Providências
Para lidar com o resultado inesperado, a Usina Paineiras tem negociado com fornecedores que podem esperar para receber em 2020; vai incentivar ainda mais os produtores a diversificarem as variedades de cana-de-açúcar na região (atualmente, é a mesma espécie de maior parte do Brasil), além de cuidarem ainda melhor dos canaviais já plantados; está estimulando as prefeituras do litoral Sul a desenvolverem programas de incentivo ao plantio de cana-de-açúcar; e está articulando, junto ao governo do Estado e à assembleia legislativa, para que haja adequação do ICMS sobre o etanol ao praticado pelos demais estados produtores.
“Precisamos dar continuidade ao processo de recuperação dos graves prejuízos que toda a cultura da cana-de-açúcar da nossa região teve principalmente devido à estiagem de 2015 a 2017”, ressaltou o diretor Antonio Carlos.
Produtores de olho em 2020
Segundo o presidente da cooperativa dos fornecedores de cana-de-açúcar do litoral Sul, Luciano Henriques, os produtores já estão pensando em 2020, porque o pós-colheita já começou com chuvas e os preços finais do açúcar e do etanol (que são diretamente proporcionais aos preços da cana-de-açúcar) estão em ascensão.
“A produção foi muito menor que a esperada, mas os preços foram melhores que os do ano passado e devem ser melhores em 2020. A adubação já começou e esperamos uma próxima safra muito melhor”, afirmou o presidente dos produtores.