Cachoeirense e filho do comerciante Ademar Possebom Pessini e de Olicéia Thompson Pessini, Ademar Possebom Pessini Júnior é um grande exemplo de destaque na área em que escolheu trabalhar: o Jornalismo, mais precisamente, a Comunicação Empresarial, ramo que vem crescendo em Cachoeiro de Itapemirim.

Aos 33 anos, Ademar comanda a Altercom Comunicação Empresarial, que presta serviço de comunicação aos empresários de Cachoeiro. Mesmo com poucos meses de criação, a Altercom já conquistou a confiança de várias empresas de grande porte da cidade.

Formado em Jornalismo pela UFES e finalizando MBA em Marketing pela FGV, Ademar tem uma notável experiência profissional. Passou pelo jornal A Gazeta entre 2003 e 2007, retornou a Cachoeiro e foi sócio de uma revendedora de automóveis. Em seguida, aceitou o cargo de Gerente de Comunicação da Prefeitura de Cachoeiro e, logo após, começou efetivamente no ramo da comunicação empresarial na Contatus Comunicação – Unidade de Negócios Sul, em parceria com a jornalista Rita Diascanio.

Sempre simpático e tranquilo, Ademar recebeu a reportagem em sua empresa no bairro Maria Ortiz e falou sobre o desafio diário de criar estratégias de comunicação para a melhor interação entre a empresa e o público – necessidade vital em tempos modernos.

Quais os maiores desafios, em sua opinião, para se exercer o Jornalismo em Cachoeiro?

Acho que muitas pessoas desconhecem o trabalho que a gente faz, principalmente no jornalismo empresarial. Porque não há uma experiência tão forte aqui como há, por exemplo, em Vitória e em outros lugares maiores. Aqui há uma economia muito forte, mas não há uma cultura, uma história de atendimento como nós fazemos. E isso é um desafio. Por outro lado, o fato das pessoas não conhecerem, torna a apresentação do nosso serviço mais fácil, porque a gente acaba podendo fazer um trabalho que não é somente uma assessoria de imprensa, a gente faz um trabalho de assessoria de comunicação mais amplo, apoia o cliente em vários outros produtos e serviços na área da comunicação.

Por que você decidiu abrir o seu próprio negócio?

Quando eu morava aqui, e também quando eu passei um tempo em Vitória, percebi que havia aqui um mercado muito grande e quase inexplorado. Não do Jornalismo e nem da Publicidade, mas havia uma economia muito forte local e eu não via um atendimento sendo feito. Então, há muito tempo eu venho acompanhando esse mercado com esse olhar, com um olhar de quem identifica uma grande oportunidade aqui. E é o mesmo olhar que tenho hoje. Esse mercado de comunicação tem muito o que crescer em Cachoeiro e no Sul do Estado. E isso difere muito de uma visão que me era apresentada e que ainda é muito comum se ouvir: de que aqui não tem nada, que nada dá certo…Cada vez mais eu vejo o quanto ainda dá para crescer. Resolvi abrir a empresa depois de ter passado por várias experiências. Voltar para Cachoeiro não era a minha opção, mas por outro lado, eu nunca falei que nunca mais iria voltar. Mas eu achava que o meu negócio era muito para fora, Brasil e talvez até fora do país. Mas por questões de família, eu resolvi voltar e olhar para esse mercado. Foi uma aposta muito boa e estou muito feliz. Felizmente, hoje eu avalio que eu tinha razão nesse ponto; de fato, há um mercado – e ele é muito maior do que eu imaginava -, para a gente trabalhar e desenvolver.

Então você acha que em relação à mão de obra, falta para o jornalista desenvolver esse lado empreendedor?

Sem dúvida. Muito. Talvez você não precise ser o dono da empresa, mas eu acho que há um mercado bem maior do que trabalhar em algum veículo específico, acho que é possível fazer muita coisa tendo o próprio negócio. Não é fácil, mas é um caminho bem interessante.

E como é a sua rotina como empresário nesse ramo?

O nosso trabalho é prestar assessoria de comunicação e imprensa aos clientes e nessa assessoria, uma boa parte do tempo, a gente acompanha o cenário local a partir do que está ou não na imprensa, avaliando o que está acontecendo com os clientes e ajudando-os a realizarem uma boa parte do que é comunicação, do que vai vir a ser um produto, seja ele uma veiculação num jornal local, uma entrevista para uma rádio, uma televisão, ou até mesmo, criar veículos próprios desse cliente. Isso é o atendimento. Em paralelo, o nosso trabalho também é cuidar da empresa como todos os que têm precisam cuidar, com toda uma série de obrigações – que realmente me impressionam, pois elas são bem grandes – , mas que fazem parte do dia a dia. Também visitamos os nossos clientes, mas o nosso trabalho é muito mais digital. Trabalhamos com muito pouco papel aqui.

O fato de não haver mais curso de Comunicação Social aqui em Cachoeiro atrapalha na busca por profissionais?

Muito. Qual a diferença que faria hoje? A gente teria muito mais gente se qualificando na área. Isso é fundamental e faz uma grande diferença para o mercado daqui. É lamentável a gente não ter um curso, mas por outro lado, eu entendo que da forma como ele existe hoje, ele é um curso muito oneroso. É difícil de mantê-lo aqui, eu acredito. Mas a economia da cidade, o desenvolvimento da cidade, perde muito com isso. Porque se a gente tivesse mais profissionais se qualificando, estudando, tem muita gente daqui que vai para outros lugares estudar, as empresas e instituições, teriam mais gente qualificada, disponível, que conhece a cidade – isso faz uma grande diferença.

Por que você escolheu o Jornalismo, mesmo o seu pai sendo comerciante, trabalhando na área administrativa?

O que me levou para o curso de Comunicação não foi a vontade de ser jornalista, o exercício da profissão; foi pelo entendimento da comunicação. É uma coisa que me move até hoje. Eu sou principalmente um cara muito curioso por entender como se opera a comunicação. Na época em que fiz o vestibular, eu tinha 16 anos, e era uma curiosidade muito grande para entender como que era feita a manipulação das informações dentro dos principais veículos. E isso foi o que me levou, inclusive, para o Jornalismo. E de fato acho que fiz uma escolha acertada. Eu não trabalhava na perspectiva de relacionar isso com o trabalho do meu pai, que já tinha 35, 40 anos de comércio aqui em Cachoeiro. Aconteceu que no momento eu identifiquei que eu adoro Jornalismo, aprendi muito no veículo onde trabalhei, que foi A Gazeta, em Vitória. Mas chegou um momento em que eu me perguntei o que iria fazer e chegou a hora de dar um outro passo. Nesse momento, dadas as circunstâncias, eu tive a felicidade por optar voltar para desenvolver outro trabalho que não tinha nada a ver com o Jornalismo, era na área comercial mesmo. Abrir uma revenda de carros era uma forma interessante de começar um outro caminho. Mas a vida vai levando a gente para caminhos inesperados. Fiquei um ano e meio na revenda de carros e aí veio a crise internacional, que deu um baque muito grande na economia de Cachoeiro no setor de rochas. Então decidimos fechar e logo pintou uma oportunidade bacana de voltar para o Jornalismo de uma maneira que me interessava, que foi uma excelente experiência também. Nesse tempo todo, eu não trabalhei com o meu pai, mas eu acompanhava todo o acontecimento. Meu pai é uma pessoa com muitas qualidades, minha mãe também veio do comércio. Isso tudo me ajudou a estar no caminho que eu estou hoje. Acho que o negócio onde estou hoje é de fato o negócio da minha vida.

Você acha que os releases de assessores de imprensa são mais tendenciosos que os textos do jornalismo convencional, feito na redação? Como que a comunicação empresarial lida em um momento de crise para defender o cliente?

Ninguém mente. Não há mentira nesse negócio. O que a gente faz para os clientes? É especialmente ajudar o cliente a mostrar a relevância do que ele faz para a sociedade. Não existe imparcialidade em nada. O veículo quando produz, na melhor das hipóteses, ele está buscando uma informação adequada para o público a que ele se destina. E o que a gente procura fazer? Pegar aquilo que a gente entende que é informação de melhor interesse. Todo mundo tem interesses, seja o cliente, o público, a sociedade em geral. Todo mundo se relaciona por interesse, não no sentido negativo. Cada um olha para uma árvore com uma perspectiva diferente… O que eu quero dela? Uma sombra, a madeira, o adubo produzido pela folha? São várias possibilidades. A gente não blinda o cliente, a gente faz um esforço contínuo, e quando há crise, há uma preocupação maior, pois queremos preservar o cliente – e ele tem o direito de ser atendido. Para isso, ele precisa contar com um apoio como o nosso, não que ele dependa da gente, mas, sem dúvida, a gente consegue criar uma melhor maneira de apresentar aquilo que ele faz. Então, o release é o nosso melhor esforço, dadas as condições que nós temos, de apresentar uma informação que, na melhor das hipóteses, vai ser pega por um jornalista interessado e com disponibilidade, e vai transformar em algo muito melhor.

Como você vê a influência das redes sociais para as empresas?

A rede social ainda é muito vista como um risco, mas eu acho que isso é uma oportunidade gigante. Você ter um canal para falar direto com o seu público cumpre, muitas vezes, um papel muito mais interessante do que mediar essa comunicação e esse relacionamento por outros veículos – o que também é super importante, pois os veículos também ajudam a disseminar a informação.

A empresa que cria um Facebook ao invés de um site tem mais retorno?

Depende muito da empresa. Varejo, por exemplo, em geral, como hoje em dia o acesso está muito grande, você estando no Facebook, você fica mais próximo, eu acho. Mas, por outro lado, um site cumpre um papel fundamental em muitos casos. Se você vai fazer uma compra, por exemplo, você provavelmente ficará mais seguro com uma informação mais oficial, como um site. O site cumpre vários papeis. Mas sem dúvidas o Facebook, para muitos negócios, é muito mais fácil de se ter sucesso no relacionamento com o cliente.

Mas um problema que a gente observa ultimamente é que falta muita pesquisa na área de comunicação. Por exemplo: qual alcance, de fato, tem o Facebook? Como a gente procura atender aos clientes também mensurando o que de fato está acontecendo, a gente está observando de um tempo para cá, que é muito relativo. É uma ferramenta interessantíssima? Sim. Vale a pena? Muitas vezes sim. Mas o quanto que vale a pena? Às vezes com outro esforço, você consegue um resultado. As empresas precisam de vários resultados específicos de comunicação você vai fazer um Facebook, mas com um limite. É brutal o que acontece hoje na comunicação pela falta de pesquisa. Falta pesquisa mínima, básica. Qual alcance os veículos têm? Qual alcance os canais próprios têm? Que resultados de fato geram? Qual a eficácia da comunicação que a gente faz? Isso é fundamental. Você não vai fazer um outdoor se tem dúvida se ali vai dar resultado. Então, isso é uma parte muito significativa que a gente presta para os clientes e vai prestar cada vez mais. É ajudar os clientes a decidir com a gente quais são as melhores estratégias e táticas de comunicação baseado no resultado que ele quer.

Como pode ser feito esse tipo de pesquisa?

Temos empresas próprias de pesquisa. As poucas pesquisas que são feitas não são divulgadas. Essas pesquisas ajudam muito as empresas. Cada negócio tem um perfil de público. Qual o hábito de consumo desse público? Dependendo desse hábito, não vale a pena você anunciar em lugar nenhum. Às vezes é mais eficaz você produzir um jornal próprio da empresa, por exemplo, que vai chegar à mão daquele consumidor. Às vezes, vale a pena você mandar um e-mail, e não anunciar em um outdoor gigante, por exemplo. Pesquisa é muito importante. Existem vários tipos de pesquisa. Sem pesquisa, o nosso trabalho em comunicação perde muito o valor. Porque fica difícil saber se aquilo que eu propus ao cliente deu resultado. O cliente pode ter a impressão de que foi um sucesso porque ele viu, mas como você vai saber se o público viu? Esse grave problema de falta de pesquisa acontece no mundo inteiro.

Você acha que a mídia digital tem se fortalecido a ponto de enfraquecer os veículos impressos?

A mídia digital é um elemento que está acontecendo como vários outros. Talvez muito mais importante do que isso, é a gente observar, por exemplo, que a alfabetização no Brasil explodiu, tem muito mais gente que lê e escreve hoje. Então, existem vários fatores que mudam. A proposta de um veículo, por exemplo, pode ser 100% impresso. Por exemplo, o jornal Metro, que acabou de ser lançado em Vitória. Uma empresa dessa não a lançou no chute. Eles identificaram um negócio rentável – é uma empresa multinacional – e está distribuindo jornal no sinal, não está cobrando vendendo nem assinatura. Ela paga uma pessoa para dar o jornal bem feito no sinal de segunda à sexta. Como que o impresso está acabando?  Apesar de eu ler quase tudo na Internet, eu ainda vou à banca comprar uma revista que também está na Internet. Então, isso é muito relativo.

Quais os planos de expansão da Altercom?

O principal é continuar sendo um bom prestador de serviço de comunicação para as empresas de Cachoeiro. Esse é o negócio. Que tamanho que isso vai ter? Aqui pode ser sempre uma pequena empresa ou pode ser uma grande empresa. Mas o que a faz ser interessante não é o tamanho, mas é o quanto que a gente consegue gerar valor ao cliente. E isso também nos gera valor.

Qual a diferença entre o Ademar jornalista e o Ademar empresário da comunicação?

Mudou a possibilidade que existe agora de se ter uma empresa. É uma coisa que meu pai sempre falava. Você fica muito mais responsável com as coisas. Como jornalista, trabalhando em outros lugares, você também é muito responsável. Mas a empresa te deixa ainda mais responsável. Uma coisa que por um lado é muito bonita e por outro é uma preocupação constante é a equipe ter que dar o melhor. Quem trabalha com a gente tem que ter qualidade de vida, vida digna. E isso é uma coisa que passa para a sua responsabilidade como empresário. Mas se por um lado eu fico muito mais preocupado, eu também fico muito mais feliz. É uma alegria a gente poder criar oportunidade para as pessoas e era uma coisa que eu não conhecia dessa maneira. No geral, eu sou o mesmo Ademar do começo da UFES, que participou do Movimento Estudantil em Vitória. Continuo sendo enjoado e crítico com um monte de coisa (risos) – o que eu acho que me ajudou muito.

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